"Mulheres são assim, dramáticas. Exageradas. Excessivas. Mas quando é necessário encarar uma boa mesa de operação, seja pra tirar uma mama ou lipoaspirar um culote, fazem-se a sensatez em pessoa. Fortes, jamais fogem feit homens. Homens adiam médicos enquanto sentem dor. Morrem de medo de exames, não suportam a idéia de vasculhar doenças. Preferem ter um saco deformado a fazer uma cirurgiazinha de próstata. Mulheres são acostumadas com dor. O primeiro dos homens não tinha sequer nascido e a primeira das mulheres já sofria o primeiro dos partos. Mulheres adoecem todo mês. Muitas se dobram em cólicas. Outras têm o humor estilhaçado em pedaços. Todas incham, engordam à toa. Esquentam, esfriam. Ficam medonhas. Marmanjonas com peles explodindo em espinhas. E depois, quando engravida, vem aquela saga maldita, que todo mundo conhece, enjôos, depressões, bexigas soltas, estrias. Então amamentam, amamentam e voltam a sangrar. Mas, ai já estão tão esgotadas dessa lenga lenga maternal, que clamam por um ob., um modess, uma colicazinha pelo amor de Deus. Passam-se os anos e, com eles outras gestações, filhos ingratos, maridos ausentes, rugas. Um belo dia, pimba. frios, calores. Confusão mental. A temporada esquizóide que chamam mnopauza. Finalmente elas estão maduras e malucas. Sim, as fêmeas são dramátcas. Não, não vão sobreviver a uma cara repleta de perebas. Choram e riem. Tudo parte de um grande estratagema cênico, algo para disfarçar o grande e verdadeiro drama: nascer mulher."
Partes I e II - Fernanda Young - Cartas para alguem bem perto.
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