De repente encenações amanhecem como puras verdades. Parte I

"Chegou a conclusão de que todos os homens têm obrigação de servir às mulheres. Plenamente. Sem medir esforços. Elas em troca, oferecem beleza, sensibilidade, humor, sexo e discernimento. Um negócio justo - justiça esta que só começou a ser considerada muito recentemente, a partir de mais ou menos a metade deste século. As mulheres vêm de milhares de anos sem privilégios. Os jornais narram atrocidades mesmo nos dias atuais; nascer mulher nunca foi um golpe de sorte em qualquer das culturas conhecidas, primitivas ou civilizadas. Pois as fêmeas sempre arcam com a pior parte da experiência humana sobre a Terra. Parir, perdoar e varrer a casa. Ariana se amaldiçoa diariamente pelo fato de haver nascido mulher. E - só por este detalhe - ter que. Ter que se fazer de louca quado um obreiro berra: ô bocetão! Ter que se fingir de burra quando um idiota qualquer se sente no direito de lhe dar uma cantada, mesmo alguma coisa mais elegante do que a do ô bocetão! Ter que atravessar a rua, para evitar passar na frente de um bando de homens distintos, pois eles vão dizer, com ruídos e olhares, ô bocetão! Só sendo mulher pra entender quanto o simples fato de existir pode ser humilhante. Quanto você decididamente não quer que um mameluco desdentado ou um executivo mauricinho passe por você rosnando"

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