Ponteio



"Era um, era dois, era cem.
Era o mundo chegando e ninguém.
Que soubesse que eu sou violeiro.
Que me desse o amor ou dinheiro...

Era um, era dois, era cem.
Vieram prá me perguntar:
"Ô voce, de onde vaide onde vem?
Diga logo o que tem
Prá contar"...
Parado no meio do mundo.
Senti chegar meu momento.
Olhei pro mundo e nem via.
Nem sombra, nem sol.
Nem vento...Quem me dera agora.
Eu tivesse a violaPrá cantar...

Era um dia, era claro.
Quase meio.
Era um canto falado.
Sem ponteio.
Violência, viola.
Violeiro.
Era morte redor.
Mundo inteiro...

Era um dia, era claro.
Quase meio.
Tinha um que jurou.
Me quebrar.
Mas não lembro de dor.
Nem receio.
Só sabia das ondas do mar...

Jogaram a viola no mundo.
Mas fui lá no fundo buscar.
Se eu tomo a violaPonteio!
Meu canto não posso parar.
Não!...

Quem me dera agora.
Eu tivesse a viola.
Prá cantar, prá cantar.
Ponteio!...

Era um, era dois, era cem.
Era um dia, era claro.
Quase meio.
Encerrar meu cantar.
Já convém.
Prometendo um novo ponteio.
Certo dia que sei.
Por inteiro.
Eu espero não vá demorar.
Esse dia estou certo que vem.
Digo logo o que vim.
Prá buscar.
Correndo no meio do mundo.
Não deixo a viola de lado.
Vou ver o tempo mudado.
E um novo lugar prá cantar..."

Ponteio
Edu Lobo

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